A história por trás do caruru de setembro: O que explica a tradição baiana?

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Imagens: Reprodução web

Setembro na Bahia: O mês do caruru e do vatapá

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Prato de caruru Crédito: Jonas Santana/Gov da Bahia

Em setembro, a Bahia celebra a fé com uma tradição culinária que une devoção e história: o caruru e o vatapá. Esses pratos, que já são símbolos da culinária baiana, ganham ainda mais destaque no mês em que são oferecidos em honra a São Cosme e Damião e aos orixás gêmeos Ibeji.

Mas de onde vem essa forte conexão entre a comida e a fé?

A tradição tem suas raízes no sincretismo religioso, que uniu as tradições africanas com o catolicismo. Segundo o professor e babalorixá Vilson Caetano, essa relação entre comida e devoção é antiga. Na época do Brasil Colônia, a celebração católica de São Cosme e Damião, associada à saúde, coincidia com a reverência aos orixás Ibeji, no candomblé, que também recebiam oferendas de comida.

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Vatapá é um prato típico da culinária afro-brasileira.

O caruru tornou-se, então, um prato de promessa e agradecimento, um elo entre as duas crenças. “O que tornou isso possível foi o fato de que a comida, como presente, fazia parte tanto das tradições vindas da África quanto do catolicismo português”, explica Caetano.

Além de ser uma refeição, o caruru é um ato sagrado. Na tradição afro-baiana, cada alimento está ligado a uma divindade ou ancestral, tornando o ato de comer uma forma de honrar a espiritualidade e a identidade.

A partilha é outro elemento central. Preparar e distribuir o caruru em setembro é uma maneira de tornar o sagrado acessível a todos. Em muitas casas, o ritual começa servindo sete crianças, como um símbolo da infância e da pureza ligadas aos santos e orixás.

“Comer junto é um ato sagrado”, afirma Caetano. “Ao nos reunirmos em torno da comida, reforçamos identidade, pertencimento e ancestralidade.”

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