CUTUCARAM-ME

12 de Maio de 2012 09h05

O “Biodiesel também empaca”.

O “Biodiesel também empaca”, escrito do Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais(INPE), Mario Eugenio Saturno no Diário de Ilhéus, e a visão na televisão de uma parede feita de garrafas de dendê compondo a exposição de São Paulo em homenagem ao escritor Jorge Amado há poucos dias, cutucaram-me.
         O “também” no título acima, num breve esclarecimento, se liga à crise do etanol da cana de açúcar no país, pelo fato do governo deixar as usinas de álcool entregues à “...própria sorte...”, e que “...endividas, são vendidas a preço de banana, para o capital estrangeiro”. O tecnologista do INPE salienta ademais que apesar do fraco desempenho da indústria, “...que sofre com a concorrência dos produtos importados por causa de uma política cambial filicida e do custo da infraestrutura”...), o consumo de energia cresceu em 2011, implicando importar 13,8 milhões de barris de gasolina e 58,7 milhões de diesel. No bojo do texto aborda o fracasso da mamona e aponta o problema da soja(além do alto custo na produção do barril) como alimento, e sugere o aproveitamento do “óleo de cozinha usado” e da “gordura ou sebo animal” (de bovino, frangos e suínos) para biodiesel.
         O conteúdo me ia prendendo quando o Cadê o biodiesel? Outra oportunidade perdida pela nação. Ah! E eu me lembro das minhas professorinhas dizendo que o Brasil era a nação agrícola do futuro, alimentaria o mundo, forneceria energia... Que tristeza! fazia a catucada me atingir por inteiro.
            A atenção re-aguçada por este trecho, logo me pus a lucubrar no paradeiro do Dendiesel do engenheiro químico Hernani Sá, aqui da Capitania dos Ilhéus. As provas da viabilidade técnica do uso do óleo do dendê em veículos automotores vinculadas a este projeto, como reportadas, são incontestáveis. E o químico estava convicto que na mistura com o diesel, funcionaria perfeitamente se não com 100%, mas com um percentual bem considerável do produto da oleaginosa. Sim, esses históricos vieram ao encontro do vermelhão do óleo componente essencial dos famosos petiscos baianos a exemplo do acarajé engarrafado na forma de um paredão, imagem que me fez lembrar-se de Abílio Maia(falecido), Jonas de Souza, Zé Roberto Vieira e Sinval da ESMAI(Estação Experimental Lemos Maia) de Una, expoentes figuras ceplaqueanas na pesquisa agrícola do dendezeiro na Região Sul da Bahia.
         Ora, com os conhecidos choques do petróleo da década de setenta, que fizeram ir pras alturas o preço do fóssil e nos anos subsequentes, os de seus derivados, sem que uma solução governamental surgisse para desopilar a exploração no bolso do consumidor, situação esta anexa à indefinição do festejado Pre-Sal nos dias de hoje, o cultivo desta palmácea e o seu aproveitamento, em especial para o bicombustível em referência, significariam uma verdadeira revolução, e redenção da Bahia e Região Cacaueira. E por que não dizer do Brasil? Mas a dúvida também cutucou: Se a ausência de divulgação dos resultados dos mais de 700 hectares de terras de aptidão para a cultura entre Nazaré e Prado aqui na Bahia confirmar a suspeita...
         Bom. Com a incerteza predominando e mesmo que o Dr. Saturno em nenhum momento no empacamento do biodiesel haja citado o Dendiesel–, só me resta plagiá-lo: Que tristeza! Ainda bem que nem tudo está perdido, pois diante do desalento da não firmação de um combustível renovável, não poluente, oriundo das entranhas baianas, eis que meio à efervescência da proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro, apelidada de “Rio + 20”, Robério Pacheco, pesquisador da Ceplac, e cancioneiro ecológico, nos brinda com a “Cacau x Rio + 20”, uma linda canção (música e letra de sua autoria) que, façamos votos, contribua com uma cutucada na responsabilidade das autoridades brasileiras para este fim.

                                                                           Heckel Januário
 
 
 
 
 

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