Éverton Ribeiro, camisa 10 do Bahia, emociona ao falar sobre a descoberta do câncer de tireoide. Ele relata o baque, a cirurgia e a força da família na recuperação. – Foto: Letícia Martins/EC Bahia
Jogador do Bahia relembra impacto do diagnóstico e destaca a luta para continuar em campo.

Imagem: Reprodução web
O meio-campista Éverton Ribeiro, camisa 10, capitão e principal destaque do Bahia, viveu um dos momentos mais delicados de sua carreira após um exame de rotina revelar um problema de saúde inesperado. Na segunda-feira (6), o jogador preocupou torcedores do Esquadrão e de todo o país ao anunciar o diagnóstico de câncer na tireoide — identificado há mais de um mês, período em que seguiu atuando normalmente.
Os primeiros indícios da doença surgiram logo após o retorno do Bahia da pausa para o Mundial de Clubes de 2025, quando o departamento médico do clube detectou alterações hormonais nos exames do meia em relação aos realizados em janeiro. O resultado levantou a suspeita e levou a uma investigação mais aprofundada.
Apesar do susto, Éverton Ribeiro tranquilizou os fãs ao confirmar que a cirurgia para retirada do tumor foi bem-sucedida. O capitão tricolor se tornou exemplo de determinação, já que, mesmo diante de um diagnóstico tão difícil, manteve-se em campo fazendo o que mais ama. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, o jogador demonstrou coragem e gratidão, mas admitiu que o momento foi “assustador” e emocionalmente desafiador.
“Foi assustador, né? No começo, eu nem conseguia falar essa palavra… câncer. Para mim, era algo muito forte”, desabafou Éverton Ribeiro, capitão do Bahia.
O jogador contou que o impacto da notícia foi devastador. “A gente sabe que muitas pessoas sofrem e acabam perdendo a vida… Então, quando eu estava lá e recebi esse diagnóstico, foi um baque. Fui para o quarto e acabei chorando sozinho. Depois, liguei para minha esposa para conversar com ela. E, a partir daí, começamos a buscar informações, entender o que seria feito. Mas até chegar a esse momento foi um caminho longo”, relatou.
O “baque”, como o próprio jogador definiu, ocorreu pouco antes da partida de ida da final da Copa do Nordeste. Segundo o camisa 10, o Bahia o deixou totalmente livre para decidir se viajaria ou não com o elenco. Abalado, ele revelou que, naquele instante, só queria se isolar e chorar.
“Eu não queria viajar, queria chorar onde tinha que chorar”, afirmou o meia.
Mesmo assim, após conversar com a esposa, Marília, e com os médicos do clube, Éverton decidiu acompanhar a delegação. “O Bahia me deixou à vontade, disse que eu podia escolher. Conversei com a Marília, com os médicos e avisei que ia viajar. De um dia para o outro não ia mudar nada. Fui, e a Marília ficou resolvendo tudo, entrou em contato com nossos amigos médicos e começou a organizar as consultas. Eles nos tranquilizaram muito”, contou o jogador, emocionado.
Durante o período de recuperação, afastado dos gramados, Éverton Ribeiro contou que viveu dias de profunda reflexão sobre o sentido da vida e o que realmente importa. Casado há 19 anos com Marília Nery, com quem tem dois filhos — Augusto, de 7 anos, e Antônio, de 5 —, o camisa 10 do Bahia destacou a importância da saúde, da fé e do apoio da família nesse processo.
“A gente reflete. Quando está com a saúde em dia, esquece dos detalhes da vida. O mais importante é a saúde, porque sem ela não conseguimos realizar nossos sonhos”, afirmou o craque tricolor.
Com serenidade e gratidão, Éverton disse que o episódio reforçou sua fé e sua percepção de que tudo acontece por um propósito. “Eu tenho minha fé e sei que tudo o que aconteceu foi para mostrar que Deus cuida da gente. Às vezes, Ele nos usa sem que a gente entenda o porquê. Agora é momento de aproveitar a família, seguir a vida com seus altos e baixos, mas sempre com coragem e fé. Preciso me cuidar para cuidar dos meus meninos e da minha esposa, que está sempre ao meu lado me dando força”, declarou.
Atualmente, o meia escolheu o Rio de Janeiro para se recuperar da cirurgia, que completou uma semana nesta segunda-feira (13). Segundo os médicos, ele deve permanecer em repouso por pelo menos mais duas semanas antes de realizar novos exames, que indicarão os próximos passos e a possível data para o retorno gradual aos treinos. Na reta final do tratamento, Éverton pretende voltar a Salvador para acompanhar o Bahia na Arena Fonte Nova e reencontrar a torcida que o acolheu com tanto carinho.
“A Marília foi muito importante. Ela soube me ajudar no momento mais difícil”, reconheceu Éverton Ribeiro, ao falar sobre o papel essencial da esposa em sua recuperação.
De fato, Marília Nery foi um verdadeiro alicerce durante todo o processo. Além de oferecer apoio emocional ao marido, ela assumiu a linha de frente nas decisões médicas, organizando consultas e buscando informações sobre o tratamento, enquanto mantinha a serenidade diante do medo e da incerteza.
“Foi um choque. Ele me ligou e começou dizendo que o resultado tinha saído, e o tempo todo eu esperava ouvir um ‘Não, está tudo bem, foi só um susto’. Mas então ele disse: ‘Linda, infelizmente, é maligno’. Foi um momento muito difícil. A gente não tem histórico de câncer na família, então não tínhamos nenhuma referência. Ficamos completamente no escuro. Assim que desliguei o telefone, pensei: ‘Eu preciso resolver isso. Vou dar um jeito de resolver’”, relembrou Marília, emocionada.
Ela continuou: “Naquela mesma noite, já estávamos em consulta com um dos melhores médicos do Brasil. O Éverton é uma pessoa mais reservada, e foi um momento de muita fragilidade que vivemos juntos. Não foi fácil lidar com essa notícia, nem enfrentar tudo o que veio depois.”
Marília destacou que o desafio acabou fortalecendo ainda mais o relacionamento do casal. “Tudo isso aumentou a nossa parceria. Passamos por um dos períodos mais difíceis da nossa vida, mas enfrentamos juntos — e hoje podemos dizer que vencemos.”
ItapebiAcontece – Adaptação do texto de Téo Mazzoni / A Tarde
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