Brasilia; Polícia Federal prende Sara Winter e mais cinco em investigação sobre atos antidemocráticos

Polícia
15 de Junho de 2020 12h06

Mandado de prisão é autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Defesa diz não ter conhecimento sobre motivo da prisão.

Twitter: @ItapebiAcontece

Imagem: Reprodução

A Polícia Federal prendeu a ativista Sara Winter e cumpre mandado de prisão de outras cinco pessoas investigadas por exercerem atos antidemocráticos, em Brasília, na manhã desta segunda-feira (15). A prisão foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Winter é chefe do grupo 300 do Brasil, de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e os outros que tiveram prisão autorizada pelo STF, também são ligados ao grupo. Segundo a investigação do caso, eles são suspeitos de organizar e captar recursos para atos antidemocráticos, e de crimes contra a Lei de Segurança Nacional.

Renata Tavares, advogada de Sara Winter, chegou à superintendência por volta das 9h30 desta segunda-feira, e disse a ativista "está super tranquila". “Como defesa, vamos impetrar um habeas corpus. Vamos lutar de todas formas porque estamos vendo que isso é uma prisão política”, afirmou.

Integrantes do grupo 300 participaram de ato no último sábado (13), quando manifestantes lançaram fogos de artifícios contra o prédio do STF. Em 30 de maio, Sara chefiou uma manifestação com referências a grupos neonazistas e de supremacistas brancos americanos, na Esplanada dos Ministérios.

Sara também foi uma das organizadoras de um acampamento na Esplanada que reunia militantes a favor do governo no início de maio. Quando pediu a desmobilização do acampamento, em maio, o Ministério Público citou uma reportagem da BBC Brasil, na qual Sara Winter reconhece a existência de armas entre os ativistas.

Em um vídeo gravado em frente ao STF, Sara conclama manifestantes a acamparem em frente à casa do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e xinga o ministro. "A gente sabe onde o Alexandre de Moraes mora, a gente vai acampar lá na frente. Pessoal de São Paulo, saiam da Alesp, acampem na frente da casa do Alexandre de Moraes", afirmou.

Depois desse vídeo, houve um ato em frente ao prédio em que o ministro mora, em São Paulo, e duas pessoas foram presas pelos crimes de desobediência, descumprimento de medida sanitária preventiva e incitação ao crime.

A prisão ocorre dentro do inquérito que investiga o financiamento de protestos antidemocráticos e não tem relação com a investigação sobre a produção fake news. Ao G1, a defesa de Sara Winter disse "ainda não ter conhecimento sobre o motivo da prisão".

Ao autorizar a abertura do inquérito, em abril, Moraes disse que “é imprescindível a verificação da existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a Democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança, organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os Direitos Fundamentais, a independência dos Poderes instituídos e ao Estado Democrático de Direito, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura”.

Nas redes sociais, o perfil do grupo 300 dos Brasil publicou a prisão.

Manifestações antidemocráticas

 

No último sábado (13), cerca de 30 apoiadores do presidente Bolsonaro lançaram fogos de artifícios contra o prédio do STF.

Já no fim da tarde deste domingo (14), o ex-servidor do governo federal Renan Sena, que também integra o grupo 300, foi preso por calúnia e injúria após divulgar vídeo com ofensas contra autoridades dos Três Poderes e contra o governador Ibaneis Rocha (MDB). Ele foi solto após assinar termo de comparecimento em juízo.

A ação durou ao menos cinco minutos. Os apoiadores do presidente ofenderam com xingamentos pesados os ministros da Corte, inclusive o presidente Dias Toffoli. Em tom de ameaça, perguntavam se os ministros tinham entendido o recado e mandaram que eles se preparassem.

O grupo também ofendeu o governador Ibaneis, que os desalojou de um acampamento na Esplanada dos Ministérios. Esse grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro prega o fechamento do STF e do Congresso.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF sobre disseminação de fake news e ofensas a autoridades, também repudiou agressões ao estado democrático de direito neste domingo.

"O STF jamais se curvará ante agressões covardes de verdadeiras organizações criminosas financiadas por grupos antidemocraticos que desrespeitam a Constituição Federal, a Democracia e o Estado de Direito. A lei será rigorosamente aplicada e a Justiça prevalecerá", publicou em uma rede social.

Em 30 de maio, Sara Winter liderou uma manifestação com referências a grupos neonazistas e de supremacistas brancos americanos, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Os manifestantes marcharam, à noite, vestidos de preto, com máscaras e empunhando tochas de fogo, gritando palavras de ordem contra o ministro Alexandre Moraes, seguindo até a Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal.

Os vídeos da manifestação postados em redes sociais provocaram reações. Várias pessoas observaram a semelhança com atos do grupo supremacista Klu Klux Klan, que também usava tochas e máscaras.

Depois desse episódio, Winter foi expulsa do partido Democratas (DEM), do qual era filiada e disputou as eleições de 2018 como candidata a deputada federal no Rio de Janeiro.

 

Ligação com movimentos feministas

 

Hoje apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contra o movimento feminista, em 2014 Winter entrou com pedido de cassação do mandato de Bolsonaro, quando o atual mandatário do país atuava como deputado. Na época, Bolsonaro havia declarado que "não estupraria a ex-ministra Maria do Rosário porque ela não merece".

Winter ficou conhecida anos antes, em 2012, quando participava do Femen, grupo feminista de origem ucraniana que organizou protestos na Eurocopa.

Seguindo os passos do Femen, em 2013, Sara também organizou manifestações pela não realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Ela chegou a ser detida em uma das manifestações por ato obsceno e por chamar policiais de "assassinos".

 

ItapebiAcontece / G1 DF

 

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