Parece que Dilma não gosta da Bahia

Geral
13 de Março de 2012 10h03

POR QUE SERÁ QUE OS MINISTROS BAIANOS NÃO TIVERAM ÊXITO NO GOVERNO DA PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF? COINCIDÊNCIA? MAS LOGO AS INDICAÇÕES DE UM ESTADO ONDE O PT TEVE VITÓRIA ESMAGADORA NAS TRÊS ÚLTIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS?

 

Na prática a Bahia tem o comando de apenas um ministério no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A única representante da terra do dendê, da magia e dos encantos é a ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Tem ainda o baiano nato Sérgio Passos (PR), nos Transportes. Porém, os republicanos e os próprios baianos dizem que ele não representa o estado nas articulações políticas, pois há muito ele deixou sua terra natal e não entra na cota do acordo na divisão de espaço entre os aliados da chefe da nação. Indicados diretamente pelas forças baianas, com as bênçãos do governador Jaques Wagner (PT), eram apenas Mário Negromonte (PP), Afonso Florence (PT) e Luiza Bairros.

 

Negromonte, pernambucano de nascença, se enraizou na Bahia, onde se elegeu pela primeira vez deputado federal (cargo que voltou a ocupar depois da saída da Esplanada dos Ministérios). O presidente do PP baiano comandou o Ministério das Cidades por 13 meses. A pasta é considerada hoje uma das maiores correntes de dinheiro no governo federal, afinal, por lá passam os recursos do PAC Grandes Cidades, cujo foco é preparar as 12 cidades-sede da Copa 2014 para a competição.

 

Vale lembrar, de lá também vem parte do dinheiro para o término da implantação do metrô de Salvador (o já ‘existente’) e para a ‘Linha 2’, o metrô que ligará Salvador a Lauro de Freitas ao longo da Avenida Paralela, segundo o governo do estado.

 

O segundo a cair (na última sexta-feira, 9), foi o petista Afonso Florence. Ele foi demitido pela própria presidente do comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A pasta cuida, como o próprio nome já diz, das questões atinentes à reforma agrária, entre outras coisas.

 

Resta apenas Luiza Bairros, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Pelo menos há dois meses as informações que vêm de Brasília dão conta de que Dilma não anda muito satisfeita com seu trabalho. Bairros também não é baiana nata, nasceu em Porto Alegre-RS, mas foi indicada pela cota da Bahia ao governo Dilma.

 

Retrospectiva baiana na Esplanada dos Ministérios

 

No governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (FHC), a Bahia foi agraciada com três pastas de destaque. Raimundo Brito, comandou o Ministério das Minas e Energia. A ele foi conferido destaque em sua atuação no trato com os funcionários da Petrobras que faziam greve em de maio de 1995. Na madrugada do dia 30 daquele mês o então presidente FHC ordenou que 1.630 soldados do Exército ocupassem quatro das onze refinarias da Petrobras. Brito, como interlocutor, foi firme ao explicar que o tucano quisera garantir que a tropa se mobilizasse para assegurar os direitos de quem se dispunha a trabalhar.

 

Natural de Ipiaú, Waldeck Ornelas foi deputado federal por três vezes, e exerceu o mandato de senador entre 1995 e 1998, quando foi convocado por FHC para ser ministro da Previdência Social do Brasil. Outra pasta de monstruosa importância no cenário político e social do país. Ele deixou o ministério em 2002, no fim do mandato do tucano.

 

O soteropolitano Rodolpho Tourinho também foi deputado federal e senador da República antes de ser escolhido por FHC para a Esplanada dos Ministérios. Em 1999 ele substituiu Raimundo Brito na pasta das Minas e Energia. O que se sabe é que o democrata (e ex-PFL) é uma figura bastante admirada pelo líder tucano.

 

Os baianos de Lula

 

Não foram poucos os baianos escolhidos pelo ex-presidente Lula para compor o primeiro escalão durante seus oito anos de governo. Pela Esplanada dos Ministérios passaram o cantor e compositor Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura, respectivamente; o ex-governador Waldir Pires, que comandou a Controladoria Geral da União (CGU) e o Ministério da Defesa; Jorge Hage, que sucedeu Waldir na CGU (ainda exerce cargo); Orlando Silva (PCdoB), ex-ministro do Esporte e um dos baianos que mais gozou de prestígio no governo federal na era Lula, o peemedebista Geddel Vieira Lima, ex-comandante do gigantesco Ministério da Integração Nacional.

 

Teve ainda um ministro chamado Jaques Wagner. Ele mesmo, nosso atual governador. O amigo de Lula e de Dilma foi ministro das Relações Institucionais e, depois, do Trabalho.

 

Qual é o problema?

 

Entre off e on, para as lideranças da oposição baiana ouvidas pelo Bahia 247 das duas uma: “Ou o governador não tem prestígio ou os quadros baianos não têm competência para assumir os cargos da presidente”, afirma o presidente do DEM na Bahia, o ex-deputado federal José Carlos Aleluia.

 

A reportagem tentou contato com o coordenador da bancada baiana no Congresso, deputado federal Nelson Pelegrino (PT), mas não teve sucesso. Ele não atendeu à ligação.

 

Mas por que Dilma não gosta da Bahia?

 

Ora, se essa for a verdade, o negócio é no mínimo embaraçoso, afinal, o ex-presidente Lula ganhou as eleições na Bahia em todas as cinco vezes que tentou conquistar a Presidência da República (foi eleito duas vezes, em 2002 e 2006). Dilma, sua sucessora em 2010, também foi eleita no nordeste e na Bahia com vitória esmagadora sobre o tucano José Serra (PSDB).

 

Com uma ressalva, no entanto. Nos municípios de Vitória da Conquista, Governador Mangabeira e Camamu a petista não teve êxito. Outro fato intrigante é que Conquista e Camamu são governadas pelo PT.

 

E aí? Será que os eleitores destas cidades já sabiam que os baianos não teriam muita importância no governo de Dilma?

 

 Itapebiacontece

 Por  Romulo Faro

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