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Presidente da LCM Construção e Comércio, Luiz Otávio Fontes Junqueira foi um dos principais investigados pela PF na Operação Route 156, deflagrada na terça.

O empresário Luiz Otávio Fontes Junqueira, presidente da LCM Construção e Comércio, foi um dos principais alvos da Operação Route 156, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última terça-feira (22). A investigação apura um suposto esquema de desvio de recursos públicos em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com reflexos também em obras executadas na Bahia.
Com sede em Belo Horizonte (MG), a LCM tem atuação nacional e já participou de obras públicas em diversos estados, incluindo contratos milionários em território baiano, especialmente em trechos rodoviários federais que cortam o interior do estado. A empreiteira é uma das beneficiadas por emendas parlamentares destinadas ao Dnit, responsável por obras de infraestrutura viária na Bahia e em outras regiões do país.
Durante a operação, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da LCM e na residência de Junqueira, em Nova Lima (MG). Na casa do empresário, foram apreendidos três veículos da marca Porsche.
De acordo com o portal Metrópoles, a empresa presidida por Junqueira acumulou cerca de R$ 10 bilhões em contratos com o governo federal desde sua fundação, em 2014. Desse montante, aproximadamente R$ 418 milhões vieram por meio de emendas parlamentares — sendo R$ 71 milhões ligados ao chamado “orçamento secreto”, sistema marcado por baixa transparência na destinação de verbas.
Segundo decisão da Justiça Federal, que autorizou a operação, laudos apontam que a LCM venceu licitações com “vícios insanáveis”, como propostas com descontos irreais ou idênticas aos valores de referência, o que simularia uma falsa concorrência. A investigação também indica que Junqueira teria se beneficiado de direcionamento em processos licitatórios e movimentado recursos de forma suspeita, por meio de saques fracionados feitos por terceiros, que somariam R$ 680 mil.
A defesa da LCM nega qualquer irregularidade e afirma que tanto a empresa quanto seu presidente estão colaborando com as autoridades.
Outros processos
Junqueira também é réu em outra ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) do Pará, por suposto superfaturamento na construção de um hospital em Santarém. Embora a Justiça tenha julgado a ação improcedente em primeira instância, o MPF recorreu, e o caso aguarda decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília.
Fraudes em contratos no Amapá
A Operação Route 156 foi realizada em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e apura fraudes em contratos de manutenção da BR-156, no Amapá. Além de Junqueira, também são investigados o então superintendente do Dnit no estado, Marcello Linhares, e o empresário Breno Chaves Pinto, segundo suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Segundo a PF, Breno usava sua proximidade com Alcolumbre para interceder na liberação de verbas públicas. Ele é ligado à LB Construções, uma das vencedoras das licitações investigadas, e mantém contratos com a Codevasf por meio de outras empresas. A PF, no entanto, afirma que Alcolumbre não é investigado e descarta envolvimento direto do senador.
No total, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. A investigação aponta que o grupo fraudou ao menos quatro processos licitatórios com propostas fictícias e cláusulas que restringiam a concorrência. Há indícios de que uma organização criminosa atuava dentro da Superintendência Regional do Dnit no Amapá.
Notas oficiais
Em nota, a LCM afirmou que não houve irregularidades nos contratos firmados com o Dnit e declarou confiança na elucidação dos fatos. O Dnit também se manifestou, garantindo que colabora com as investigações e reforçando seu compromisso com a transparência, além de destacar a existência de uma Política Antifraude e Anticorrupção.
A assessoria do senador Davi Alcolumbre declarou que ele não tem ligação com as empresas investigadas e defende que todos os citados prestem os devidos esclarecimentos à Justiça, com respeito ao devido processo legal.
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