Inflação de outubro tem menor variação em 27 anos e reforça cenário de alívio nos preços, aponta IBGE

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A inflação oficial do país, medida pelo IPCA, desacelerou para 0,09% em outubro, conforme dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE.

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Imagem: Reprodução web

A inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), registrou alta de apenas 0,09% em outubro, o menor resultado para o mês desde 1998, quando o índice havia sido de 0,02%. O dado ficou abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, estimada em 0,15%, segundo a Bloomberg — as previsões variavam entre 0,08% e 0,23%.

No acumulado de 12 meses, o IPCA desacelerou de 5,17% para 4,68%, atingindo o menor nível desde janeiro deste ano (4,56%). Apesar da queda, o índice ainda está ligeiramente acima do teto da meta de 4,5% perseguida pelo Banco Central. Mesmo assim, analistas começam a ver mais chances de a inflação encerrar o ano dentro do intervalo de tolerância.

Conta de luz ajuda a conter a inflação

O principal fator de alívio em outubro foi a queda na conta de energia elétrica, que recuou 2,39%, contribuindo com impacto de -0,10 ponto percentual no IPCA. Sem esse item, o índice teria subido cerca de 0,20%, segundo o IBGE.

A retração veio após o aumento de 10,31% em setembro, influenciado pelo fim do bônus de Itaipu. Em outubro, o sistema de bandeiras manteve-se no vermelho, mas no patamar 1 — com cobrança adicional menor que a do patamar 2.

Com isso, o grupo Habitação registrou queda de 0,30% no mês. Também tiveram redução os grupos Artigos de residência (-0,34%) e Comunicação (-0,16%).

Alimentos voltam a subir levemente

Após quatro meses de queda, o grupo Alimentação e bebidas apresentou leve alta de 0,01% em outubro. A alimentação fora de casa acelerou (de 0,11% para 0,46%), enquanto a alimentação em domicílio caiu pelo quinto mês seguido (-0,16%), embora em ritmo menor.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IPCA, uma safra mais farta de alimentos como o arroz ajudou a conter a inflação dos últimos meses. O IBGE destacou reduções no arroz (-2,49%) e no leite longa vida (-1,88%), enquanto a batata-inglesa (8,56%) e o óleo de soja (4,64%) tiveram alta.

Gonçalves pondera que o período de alívio nos preços dos alimentos pode estar chegando ao fim, já que o final do ano costuma trazer reajustes com o encerramento de safras e aumento da demanda.

Projeções e política monetária

O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, projeta inflação de 4,55% em 12 meses até 2025. A meta contínua de inflação tem centro em 3%, com tolerância de 1,5 a 4,5%.

Segundo a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, os resultados recentes indicam um cenário mais favorável:

“Devemos revisar nossa projeção de IPCA para 2025, hoje em 5%, pois há possibilidade de o índice encerrar o ano dentro do intervalo de tolerância”, afirmou.

O Copom (Comitê de Política Monetária) avalia que manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano por mais tempo será suficiente para reconduzir a inflação à meta.

Perspectivas

Para Rodrigo Marques, economista-chefe da Nest Asset Management, o resultado do IPCA consolida um ambiente mais favorável a futuros cortes na Selic:

“O dado reforça a percepção de que há espaço para início da redução dos juros, movimento que deve ganhar força nos próximos meses.”

Por ora, o mercado projeta Selic estável até o fim de 2025. A próxima reunião do Copom será nos dias 9 e 10 de dezembro.

Juros altos reduzem o consumo e os investimentos, ajudando a conter a inflação, mas também podem desacelerar a economia. Com as eleições de 2026 no horizonte, analistas avaliam se o governo deve adotar medidas de estímulo ao PIB (Produto Interno Bruto) para sustentar o crescimento.

ItapebiAcontece — com informações de Leonardo Vieceli / Folhapress