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Luzes no Céu do Brasil: O que o Fenômeno Revela sobre o Lixo Espacial.

No último dia 14 de maio, um espetáculo de luzes cortou o céu em diversas regiões do Brasil, intrigando a população. A explicação para o fenômeno? O retorno de detritos espaciais à atmosfera terrestre, um evento cada vez mais comum.
Ricardo Ogando, astrônomo do Observatório Nacional, explica que esses acontecimentos, que ocorrem algumas vezes por ano, estão se tornando mais frequentes devido ao aumento das atividades espaciais. “Eventos como o que foi visto no Brasil ocorrem algumas vezes por ano e estão se tornando mais frequentes com o aumento das atividades espaciais”, afirma.
Acredita-se que o evento de maio tenha sido causado pelo corpo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, lançado em 2014. Após mais de uma década em órbita, ele iniciou seu processo de decaimento, e seus fragmentos geraram o espetáculo luminoso. Detritos como esse são monitorados globalmente por diversos países, já que as informações são consideradas de valor estratégico. No Brasil, o Observatório do Pico dos Dias, em Minas Gerais, possui um telescópio dedicado a essa vigilância, em parceria com a Agência Espacial Russa.

Impactos Ambientais: Uma Preocupação Crescente
Apesar de a maioria dos detritos espaciais se desintegrar ao reentrar na atmosfera, liberando elementos químicos (principalmente metais), a preocupação principal reside em cenários mais drásticos. “A principal preocupação com esses detritos é uma colisão entre eles e um artefato em órbita produzir uma reação em cadeia — como vista no filme ‘Gravidade’, com Sandra Bullock”, alerta Ogando.
Um cenário como esse poderia resultar na “destruição de diversos satélites em operação e criar uma nuvem de resíduos tão densa que inviabilizaria o lançamento de novos equipamentos ao espaço”.
Em casos de decaimento controlado, como o da antiga estação espacial Mir, os objetos são geralmente direcionados para o “cemitério de espaçonaves”, localizado no Ponto Nemo – a região do Oceano Pacífico mais afastada de qualquer terra firme. “Concentrar materiais ali certamente impacta a vida marinha”, ressalta o astrônomo.
O Brasil no Cenário do Lixo Espacial
O Brasil também pode contribuir para o lixo espacial, segundo Ogando. “Qualquer país com atividade espacial pode produzir detritos”, esclarece. Atualmente, os principais geradores são Estados Unidos, Rússia, China e Índia. Em 2007, por exemplo, um teste com um míssil antissatélite realizado pela China resultou em um aumento expressivo de fragmentos orbitando o planeta.
Devemos nos Preocupar?
Apesar da existência de tratados internacionais sobre o tema, Ogando destaca que “nem sempre as responsabilidades estão bem definidas”. Contudo, ele tranquiliza a população: a chance de detritos caírem em áreas habitadas é extremamente baixa.
No entanto, casos preocupantes já ocorreram. Ogando lembra da sonda russa Kosmos 482, lançada nos anos 1970 com destino a Vênus, que reentrou na atmosfera recentemente. Por ser resistente ao calor, havia receio de que seus fragmentos atingissem áreas povoadas. “Felizmente, parece ter caído no meio do Oceano Índico, sem registros visuais”, conta.
Outro exemplo é o da sonda Kosmos 954, também da Rússia, que caiu no noroeste do Canadá com material radioativo. “A carga era potente o suficiente para matar uma pessoa”, afirma. O Canadá organizou expedições por mais de um ano para localizar e recolher os restos, e posteriormente enviou a conta para o governo russo.
Você já tinha parado para pensar na quantidade de lixo espacial que orbita nosso planeta?
ItapebiAcontece – As informações são da CNN
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