'Eu gosto da roça, era minha alegria', lamenta agricultor afetado pela seca

Geral
19 de Março de 2013 08h03

Na regão de Irecê, no semi-árido, 30% da produção de mamona foi perdida. Trabalhadores precisam tentar a sorte em plantações de outros estados.

twitter: @ItapebiAcontece



Trabalhadores rurais baianos estão abandonando a terra devido à seca na região do semi-árido. No município de Irecê, até mesmo as plantações de mamona, que são mais resistentes ao calor, estão produzindo pouco.

"Eu gosto de trabalhar no roça, me criei na roça. É minha alegria. Quem sabe o que é sofrer na agricultura é eu e os tantos vizinhos aqui, todos nós que passamos por isso", relata o agricultor Francisco de Souza.

Segundo a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), cerca de 30% da produção de mamona na região de Irecê foi perdida por conta da seca. "Estamos na área de um agricultor que cultivou em sistema consorciado. E a cultura do consórcio foi embora por falta de chuva. Morreu, não foi à  frente. A única cultura que permanece no campo é a mamona. Chovendo, vai ter produção nesse campo e não chovendo nada vai se produzir", explica Valfredo Dourado, representante da EBDA.



Com a perda das safras e os prejuízos com a mamona, alguns produtores estão deixando a própria terra para trabalhar em propriedades maiores, que têm uma produção irrigada. "É por causa que a gente planta a mamona, só plantando e perdendo. Já perdemos dois anos. Aí a gente decidiu ir para a colheita do tomate", relata Luzia Silva, agricultora. "Quem não tem irrigação acaba tendo que vir para colheita. Antes, chovia na nossa região e cada um tinha sua propriedade, tinha como colher feijão, mamona, e hoje não", diz Welton Santiado, produtor de tomate.

A seca que castiga a produção rural também afeta a economia das cidades. Segundo a comerciante Ingrid Borges, as vendas caíram 50%. "A maior parte dos nosso clientes é da zona rural, que vem pra cidade pra comprar".

A seca também faz com que agricultores deixem a Bahia para tentar a sorte em outros estados. É o caso de Josélio Mendes, que, no mês de abril, diz que irá viajar para Minas Gerais para trabalhar na colheita de café. "A gente vai ver se consegue viver. Sair lá fora para construir para mandar aqui para ficar aqui. Se Deus não mandar uma misericórdia, uma chuva para a gente, a gente vai viver de quê?", questiona.

Situação de emergência
Mais de 210 das 417 cidades baianas estão em situação de emergência por causa da seca. Na região de Irecê, que já foi a maior produtora de feijão do nordeste, até a palma, um tipo de cacto usado para alimentar o gado, começa a faltar. A barragem que abastece 14 cidades da região está secando. A situação é dramática para agricultores e criadores de animais, que enfrentam a pior estiagem dos últimos 30 anos.

Na beira da estrada, as plantações perdidas são a herança de uma seca que já dura quase dois anos. A barragem de Mirorós, que fornece água para cerca de 300 mil pessoas, está com pouco mais de 6% da capacidade, cerca de 10 milhões de metros cúbicos. A capacidade máxima é 150 milhões de metros cúbidos. Com a situação, falta água pra irrigar as plantações. O milho plantado em uma propriedade de 12 hectares deu um prejuízo de quase R$ 10 mil. 


ItapebiAcontece/G1

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