Fanfarras levam multidão à orla da Barra no primeiro dia de Carnaval
Ontem não teve trio elétrico, nem som mecânico, nem nada que precisasse de um motor para se locomover. O primeiro dia de Carnaval de Salvador, agora oficialmente na quarta-feira, teve fanfarras, tambores, trombones, fantasias e cachaça.
Twitter: @ItapebiAcontece“Por que parou, parou por quê?!”. O grito que mais se ouve quando uma banda para de tocar foi dado ontem, por volta das 20h, quando a banda do Bloco Gravata Doida fez uma pausa depois de esquentar para entrar na avenida. E o grito veio de Dona Elizabeth Cardoso, 84 anos, primeira foliã a dançar quando o bloco, que completa 15 carnavais este ano, ensaiou sair no circuito Sérgio Bezerra, entre o Farol e o Cristo.
De bermuda branca, camisa padronizada e flor roxa na cabeça, dona Elizabeth fez tudo o que uma boa foliã tem direito: dançou, segurou a corda, se divertiu, sorriu pras câmeras e não perdeu o rebolado: “Eu desfilo aqui há quatro anos. Esse ano, vim comemorar os 15 anos do bloco e os meus 84 anos, que eu fiz ontem (terça)”, disse.
Ontem não teve trio elétrico, nem som mecânico, nem nada que precisasse de um motor para se locomover. O primeiro dia de Carnaval de Salvador, agora oficialmente na quarta-feira, teve fanfarras, tambores, trombones, fantasias, cachaça e “gente de A a Z, de menino a idoso”, como definiu o homem que dá nome ao novo circuito da folia, o carnavalesco Sérgio Bezerra, dono do bar e da fanfarra Habeas Copos.
Prova disso era a presença de gente de todas as idades ao som das fanfarras. O funcionário público Paulo Santarém, 47, levou o filho Caique, 4 anos. “Está tranquilo, não está muito cheio, dá para vir com ele”, disse Paulo, que levou o filho pela primeira vez à festa. Animado e usando uma gravata de paetês, o garoto só reclamou de não ter aparecido fantasiado de morcego. “Só no ano que vem...”, disse.
Além do Habeas, outras 29 fanfarras estavam previstas para desfilar, oficialmente, no circuito Sérgio Bezerra: Xupisco, que abriu o dia, Alvará de Soltura, Alerta Geral, Concentra + Não Sai, Pinguço, Cerveja e Pimba, entre outros.
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Aos 84 anos, dona Elizabeth (esq.) não quer saber de pausa: ‘Por que parou, parou por quê?’ |
Amigos
Mas o desfile dos blocos acima representou apenas os oficialmente credenciados. Sim, só oficialmente. Fora os blocos credenciados pela prefeitura, uma variedade de outros grupos vestiu camisas padronizadas, levou cerveja e garantiu o próprio Carnaval.Foi o caso do grupo Fanfarra do Caminhão, liderado por Edmydgio Barros.
A turma, que desfila há três anos, foi para a avenida com fantasia – de enfermeira e uma mistura de Pikachu com pantera negra – pulseira de identificação, muita cerveja e disposição. Mas esse ano a Fanfarra do Caminhão saiu sem caminhão, já que a presença de veículos motorizados foi proibida.
“A gente trazia o caminhão e o pessoal saía atrás. Foi crescendo, vindo amigos e amigos. Hoje tem tudo organizado, tem pulseira, fantasia, só não tem o caminhão”, disse Diego Sena, um dos cerca de 50 fantasiados que se concentraram embaixo de um camarote e aproveitaram o som de lá. “A gente concentra, mas só sai amanhã de manhã, pra ir embora!”, garantiu Gustavo Rocha, outro folião.
De acordo com Luciano Pedreira, conselheiro da Associação Carnavalesca das Entidades de Sopro e Percussão (Acesp), pelo menos 80 mil pessoas eram esperadas para passar pelo circuito ontem.
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Itapebiacontece/Correio