Preços altos mudam comportamento de banhistas em praias de Salvador

Geral
09 de Dezembro de 2014 07h12

Às vésperas do verão, ambulantes aumentaram preços de vários produtos. Acarajé, cerveja e caldo de cana já custam mais caro nas areias da cidade.

Twitter: @ItapebiAcontece



Com a chegada do verão, as praias ficam mais cheias e os preços dos serviços aumentam.
(Foto: Valma Silva/G1)


O verão só chega oficialmente no fim do mês de dezembro, porém, os dias já estão mais quentes e ensolarados em Salvador Com as temperaturas, aumentam também o movimento nas praias da cidade e os valores cobrados pelos produtos e serviços nesses locais. Além de reclamar bastante, os banhistas estão buscando alternativas para driblar a alta dos preços.
 

Preços Verão  (Foto: Valma Silva/G1 Ba)
Com isopor cheio de comidas e bebidas, "farofeiro"
tem sido figura frequente em praias da capital.
(Foto: Valma Silva/G1 Ba)

 

"Está cada dia mais caro ir à praia, por isso, vejo muita gente fazendo como eu, aderindo aos hábitos do bom e velho 'farofeiro'. Não tem coisa melhor", brinca Débora Santos, que vez ou outra frequenta a praia do Buracão, no bairro do Rio Vermelho.

O ideal é levar o máximo de coisas que puder para economizar nos gastos, orienta a babá, que mantém o costume de levar pelo menos uma parte do que vai consumir durante um dia de diversão na praia.

Débora garante que sempre leva água mineral de casa, geralmente congelada e armazenada em grandes garrafas, além da quantidade ser suficiente para passar um dia inteiro. "Uma garrafa pequena está custando R$ 4 na praia, então, fica impraticável comprar. Só com isso eu economizo quase R$ 30", calcula.

Como quase sempre está acompanhada do filho, ela leva também o lanche da criança. "Cuido da alimentação e da hidratação dele e ainda poupo meu dinheiro", conta. Na sacola térmica vão biscoitos, frutas e variedade de merendas para que o menino não fique tentado pelos produtos que estão à venda. "É um desafio porque criança sempre pede doce, picolé e de pouco em pouco acabamos gastando um montante. É preciso controle e planejamento, ou então é melhor ficar em casa para não se irritar em vez de se divertir", afirma.

 

Nem sempre é possível transportar tudo, alguns itens precisam ser adquiridos com os ambulantes. Nesses casos, Débora opta por produtos mais baratos e saudáveis, como uma água de coco ou caldo de cana. Ambos foram encontrados por R$ 5 na praia do Buracão. Segundo a babá, em outubro eles custavam R$ 3, uma prova de que a inflação já chegou às areias.

Michele Silva, auxiliar administrativa e prima de Débora, afirma que apesar de morarem perto  do Buracão, não vão ao local com frequência e um dos motivos para não aproveitar melhor o espaço é justamente o custo alto do passeio. "Era para ser um programa barato, só que acaba se tornando pesado para o orçamento, especialmente no verão, quando os preços aumentam", justifica.
 

Baiana de Acarajé (Foto: Valma Silva/G1 Ba)
Baiana de acarajé prevê que bolinho vai sofrer mais 
aumento até janeiro de 2015. (Foto: Valma Silva
/G1 Ba)

 

Além do coco e do caldo de cana, outros itens que têm sido alvo de queixas são os tradicionais acarajé e abará. As iguarias estão sendo vendidas ao preço de R$ 5 sem camarão e R$ 7 com camarão. Segundo banhistas, há pouco mais de um mês os preços eram R$ 4 e R$ 6, respectivamente.

E a tendência é de que até janeiro de 2015 os valores aumentem ainda mais. "Estou tentando segurar os preços porque os clientes reclamam, só que está bem difícil. A gente também sofre com o aumento de tudo", afirma Eliana Maria de Souza, que trabalha como baiana de acarajé há mais de três décadas.

Ela argumenta que nesta época do ano, alguns produtos básicos como o tomate e o feijão, matéria prima dos bolinhos, costumam sofrer reajuste por causa do período de entressafra. Logo, o repasse é feito para os produtos finais. Outro fator a ser considerado é o alto custo do botijão de gás, utilizado para a fritura dos bolinhos de acarajé. "Para quem trabalha à beira-mar, como eu, é muito caro. É o que o vento aumenta a queima e o gasto", explica.
 

Preços Verão (Foto: Valma Silva/G1 Ba)
Casal tem dificuldade até de encontrar cadeiras, mas
não perde a diversão. (Foto: Valma Silva/G1 Ba)

O casal Daniela Reis Moreira, autônoma, e Fábio Alexandre Moreira, auxiliar de escritório, reclama também do aumento do preço da cerveja. Até outubro passado, a famosa piriguete estava de "quatro por R$ 5" e agora está sendo vendida de "três por R$ 5" e até mesmo por R$ 2 a latinha, segundo eles. "Nesse calor, não dá para ficar sem cerveja. Então, a gente traz os petiscos, dispensa o acarajé, que está mais caro, para tomar uma gelada e se refrescar", afirma Fábio.

Muitas vezes, quando chegam à praia, já não encontram mais assentos disponíveis. Então eles estendem uma canga embaixo de uma sobra e ali mesmo curtem o sol e o visual incrível da praia do Porto da Barra. "Se não chegar cedo, não acha cadeira e sombreiro, mas a gente dá um jeito de se divertir ", diz Daniela.

Os estudantes universitários Tuane Vitória de Almeida Cardoso e Maurício Almeida costumam visitar a praia do Porto da Barra. Calculam que, em uma manhã, gastam aproximadamente R$ 60 pelo lazer nos finais de semana, incluindo o transporte de ônibus, cerveja, água mineral e petiscos. Quando vão em dias úteis, o custo cai quase pela metade. "Em fim de semana e feriado eles aumentam os preços. De agora em diante vai ser tudo caro, até o carnaval, mesmo em dia de semana, pois as praias vão estar sempre cheias", prevê Maurício, com o conhecimento de quem frequenta bastante o local.

Tuane revela algumas dicas para quem quer economizar: "Trago uma canga grande para sentar e assim não é preciso alugar cadeiras. Escolho um local em que o sol não seja tão forte. É complicado trazer cerveja e gelo de ônibus, então compro de uma só vez, com a mesma pessoa, tentando negociar o preço. Sai mais barato do que comprar de latinha em latinha", conclui.

Preços Verão (Foto: Valma Silva/G1 Ba)

Na Praia do Buracão, no Rio Vermelho, banhistas reclamam que ambulantes, além de alugar as cadeiras e sombreiros,  impedem a colocação dos equipamentos pessoais e até mesmo de cangas. (Foto: Valma Silva/G1 Ba)


ItapebiAcontece / G1

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