PREÇO DE VEGETAIS MAIS QUE DOBRA EM TRÊS MESES EM SALVADOR
Tomate já custou R$ 2 o quilo. Mas hoje chega a ser vendido por R$ 6
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Há pouco tempo o quilo de tomate chegava a ser encontrado por pouco mais de R$ 2 em feiras e supermercados. Nessa época, as pessoas comiam suas saladas despreocupadamente, e os consumidores viviam em harmonia com os comerciantes. Estes vendiam suas mercadorias sem ter que ouvir desaforo dos clientes. Era o tempo do quilo de batata e cebola a menos de R$ 2 e de chuchu a R$ 1,50.
Hoje, apenas três meses depois, o quilo do tomate já atinge R$ 6 em alguns estandes da Ceasa do Rio Vermelho. O quilo das batatas e cebolas chega a R$ 4 e o de chuchu a R$ 5. Os consumidores reclamam, mas levam os produtos do mesmo jeito. “Vou fazer o quê? Tem que comer, né?”, conforma-se a médica Manuela Magalhães. Ela lembra que a feira da semana, que costumava custar R$ 100, agora sai por R$ 180.
A justificativa dos comerciantes é que estão apenas repassando o aumento dos produtores. “A saca com 50 quilos de batata, a gente comprava por R$ 45, R$ 50. Agora está por R$ 140. E ainda tem que tirar as podres”, observa Carlos Ivo Barbosa, proprietário de um dos estandes da Ceasa.
Segundo ele, a saca de 20 quilos de batata aumentou de R$ 30 para R$ 70 nos últimos três meses. “A cebola, tinha dia que a gente fazia aqui uma promoção de R$ 1 o quilo. Agora não dá mais”.
Nos supermercados, os preços são semelhantes. Ontem, no Hiper Bompreço, o quilo da batata era vendido a R$ 4,58, o do tomate a R$ 4,78 e o da cebola a R$ 3,88.
Inflação oficial do país, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de janeiro, aponta que esses itens tiveram uma participação significativa na aceleração da inflação de janeiro, que variou de 0,79% para 0,86% entre dezembro e janeiro. Neste último mês, o tomate variou 26,15% e a batata inglesa 29,58%. A cebola subiu 14,25%. Em Salvador, os alimentos em geral registraram alta de 24,95% entre fevereiro de 2012 a janeiro de 2013. No mesmo período do ano anterior, a alta era de 2,25%.
Seca
Uma das explicações para os aumentos é a estiagem que assola o Nordeste. O mestre em horticultura irrigada George Libório conta que nesta época do ano já é comum que os produtores reduzam seus plantios de tomate e cebola na região de Juazeiro por causa da época de chuvas.
A maioria dos produtores da região utiliza sistemas de irrigação em suas plantações. Mesmo assim, a falta de chuvas fez as temperaturas na região aumentarem muito, o que acabou prejudicando a já escassa plantação. Para completar, os poços artesianos que abastecem os sistemas de irrigação de Irecê, outra grande região produtora de tomate e cebola, já atingiram níveis baixíssimos, sendo capaz apenas de fazer 30% do trabalho.
Libório prevê que os agricultores voltem a plantar ainda este mês, o que significa que a situação deve se normalizar por volta de abril, quando os preços devem voltar a cair.
Quanto às batatas, o secretário executivo da Câmara de Hortaliças da Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri), Evilásio Fraga, enumera diversos fatores para a alta. Entre eles, o excesso de chuvas em Minas, São Paulo e Paraná, que são os principais abastecedores do mercado baiano.
Em Mucugê e Ibicoara, regiões b produtoras de batatas, a seca mais uma vez foi a vilã e prejudicou as plantações. “Além disso, no ano passado, a batata estava muito barata e isso gerou uma descapitalização do produtor. Eles ficaram sem dinheiro para investir”.
A boa notícia é que, segundo o especialista, a tendência agora é de queda nos preços. “Vai ter que trazer de fora, dar um jeito. Porque o preço está acima da realidade”.
Alimentos puxam inflação no varejo em fevereiro
Os alimentos continuam puxando a inflação no varejo em fevereiro, como demonstra o Índice Geral de Preços (IGP), divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O grupo alimentação apresentou uma variação de preços de 2,06%, ante 1,54% em janeiro, com destaque para o tomate, cuja taxa passou de 10,29% para 37,64%.
As hortaliças e os legumes, subgrupo que inclui o tomate, avançaram de 6,45% para 20,07%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que compõe o IGP, avançou 0,74%, ante alta de 0,76% em janeiro. “O que terá mais impacto na inflação dos alimentos no próximo mês serão as hortaliças e os legumes, que devem desacelerar.
Já os alimentos processados estão demonstrando uma lentidão no repasse da queda de preços das matérias-primas agrícolas no atacado. Acho que vai demorar um pouco mais, mas vai acabar acontecendo”, destacou o economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Salomão Quadros.
Para o fechamento do mês, a expectativa é de que o aumento dos combustíveis não influencie muito nos indicadores. Quadros explica que a gasolina já ficou 1,59% mais cara nos postos e que a maior parte da alta de 6,66% nas refinarias já foi captada pelos indicadores de inflação.
Por isso, daqui para a frente, a tendência é de que a queda da tarifa de energia elétrica tenha mais impacto na inflação do que a alta dos combustíveis. Até o dia 10, a energia elétrica caiu em média 10,65% para o consumidor. A projeção é de queda final de 18% para residências.
O IPC demonstra ainda que o fim gradativo do programa de incentivo à compra de automóveis novos, com a redução do IPI, já repercutiu em alta de preços do produto, que apresentou taxa de 1,12% em fevereiro, ante 0% no mês anterior. Os automóveis usados registraram alta de 0,37% ante -0,30% em janeiro.
Itapebiacontece com informações Correio