Sob suspeita, Cruz Vermelha pode suspender atividade
Em nota publicada no site oficial, a Cruz Vermelha brasileira afirmou que os desvios estão concentrados quase que exclusivamente nas filiais do Maranhão, Petrópolis e Ceará
Twitter: @ItapebiAconteceCerca de R$ 25 milhões arrecadados com donativos e repasses públicos para ajudar vítimas de catástrofes foram desviados de filiais da Cruz Vermelha Brsileira, entre 2010 e 2012. Segundo auditoria encomendada pela própria entidade, parte dos recursos deveria ter sido aplicada, por exemplo, no auxílio a pessoas atingidas pelas enchentes na região serrana no Rio, pela seca na Somália e pelo tsunami no Japão.
A crise pode fazer com que as atividades da instituição sejam suspensas no País. Em entrevista ao Estado, o secretário-geral da entidade, coronel Paulo Roberto Costa e Silva, admitiu o risco, mas afirmou ter a confiança da Federação Internacional da Cruz Vermelha, que financiou a auditoria. O resultado foi revelado nesta sexta-feira, 25, pelo jornal Folha de S.Paulo. “A possibilidade (de suspensão das atividades), em tese, existe. Mas eu não acredito que vá acontecer”, disse o secretário.
Conforme Costa e Silva, o processo de investigação tem sido acompanhado de perto pelo Comitê de Mediação e Comprimento, órgão internacional responsável por verificar a conduta da Cruz Vermelha. “Desde que assumimos a gestão, há dois anos, eles nos deram um voto de confiança.” Um dos argumentos do secretário é que a própria Federação Internacional da Cruz Vermelha, em Genebra, na Suíça, financiou a auditoria, com custo de US$ 500 mil.
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Em 2011, mais de 600 pessoas morreram com enchentes na região serrana do Rio (Foto:ABr) |
Em nota publicada no site oficial, a Cruz Vermelha brasileira afirmou que os desvios estão concentrados quase que exclusivamente nas filiais do Maranhão, Petrópolis e Ceará. A entidade também informa que o dinheiro da arrecadação de pelo menos três campanhas foi desviado para a conta de uma ONG. Desenvolvida pela empresa internacional Moore Stephens, a auditoria aponta que R$ 212 mil, em cada uma das campanhas da Somália e do Japão, e R$ 1,6 milhão, na tragédia do Rio, foram repassados no período. O destino: o Instituto Humanus, em São Luís (MA), comandado pela mãe de Anderson Marcelo Choucinodo, então vice-presidente da Cruz Vermelha brasileira.
Ao todo, o secretário-geral afirma que a ONG recebeu R$ 17 milhões da filial da CVB no Maranhão. Dengue Além dos casos já citados, há indícios de que uma campanha nacional de prevenção à dengue, que nem sequer teve início, também teria tido verba desviada para a ONG. “O relatório indica que houve repasse de dinheiro irregular, mas não é conclusivo”, diz Costa e Silva. O estudo analisou dez filiais da instituição, que, por estatuto, são autônomas em relação à unidade central, e apontou que o Instituto Humanus, comandado por Alzira Quirino da Silva, não comprovou ter prestado serviços à Cruz Vermelha.
A diretoria da entidade confirmou que entregou o resultado da auditoria ao Ministério da Justiça “e vai protocolar pedido de providências judiciais nos Ministérios Públicos federal e estaduais”. Além disso, “pedirá punição aos gestores dessas filiais à época em que ocorreram os desvios. A Cruz Vermelha também estuda medidas judiciais que visem à reparação pelos danos causados à imagem da instituição perante a opinião pública”. Costa e Silva disse também que a direção vai se empenhar para excluir de seus quadros quem agiu irregularmente.
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